Resumo sobre Empirismo: Locke, Berkeley e Hume


Resumo sobre Empirismo


- Vem de empeiría, do grego, experiência.

- O conhecimento vem da experiência sensível (dos sentidos).

- Não existem ideias inatas, ao contrário do que afirmam os racionalistas.

Que tal entender o empirismo de um jeito divertido? Se liga na paródia!



Filósofos: Locke, Berkeley e Hume

JOHN LOCKE (1632 – 1704)



- Obras: Tratado sobre o governo civil, Cartas sobre a tolerância, ENSAIO SOBRE O ENTENDIMENTO HUMANO.

“Suponhamos, pois, que a mente é um papel em branco, desprovida de todos os caracteres, sem nenhuma ideia; como ela será suprida? De onde lhe provém este vasto estoque, que a ativa e ilimitada fantasia do homem pintou nela com uma variedade quase infinita? De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra: da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento.”  (John Locke. Ensaio acerca do entendimento humano [publicado originalmente em 1690], 1999. Adaptado.)



- Os corpos possuem qualidades que afetam nossa percepção, as quais podem ser classificadas em:
*      Primárias: características que são inseparáveis dos próprios objetos, ou seja, elas fazem parte deles, como solidez e extensão, por exemplo.

*    Secundárias: características causadas, produzidas pelos objetos nas pessoas, como calor, doçura, dor etc.

- TIPOS DE IDEIAS

*  Ideias simples: não contêm mistura, aparecem na mente de forma clara, diferenciada e uniforme. Exemplos: maciez, dureza, frieza, unidade, prazer e dor.

*      Ideias complexas: formadas a partir da união ou separação de ideias simples.

Ex.: um par, uma dúzia.

 GEORGE BERKELEY (1685 – 1789) – Filósofo e bispo anglicano irlandês


- Imaterialista

- OBRAS: Três diálogos e Tratados sobre os princípios do conhecimento humano

- Preocupações religiosas: combater o ceticismo, o materialismo e o ateísmo.

- “Ser é ser percebido”. Somente existe o que é percebido, ou seja, ideias ou sensações. Todas as ideias nascem da percepção, as coisas sensíveis (materiais) não existem fora da mente. Elas são apenas uma suposição, uma invenção.
Ex.: uma árvore qualquer só existe se alguém a estiver percebendo! Se ninguém a percebe, ela não existe, pois a matéria não existe, mas apenas as sensações e percepções da mente.

“Entre os homens prevalece a opinião singular de que casas, montanhas, rios, todos os objetos sensíveis têm uma existência natural ou real, distinta da sua perceptibilidade pelo espírito. Mas[...] quem tiver coragem de discuti-lo compreenderá, se não me engano, que envolve manifesta contradição. Pois que são os objetos mencionados senão coisas percebidas pelos sentidos? E que percebemos nós além de nossas próprias ideias e sensações?” BERKELEY, George. Tratado sobre os princípios do conhecimento humano.  São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 19-20. (Coleção Os Pensadores)

SERES ESPIRITUAIS E IDEIAS
- Espírito: substância ativa que percebem as ideias.
- Ideias: substâncias passivas que são percebidas e dependem do espírito (da mente) para existirem.
- Se não existem coisas materiais, como são produzidas as ideias no ser humano? Pela Mente eterna que é Deus. Dele vem as sensações humanas e leis naturais.

- DAVID HUME (1711-1776)


- OBRAS: Tratado sobre a natureza humana, os Ensaios Morais, políticos e literários, História à Grã-Bretanha

- Objetivo: investigar a natureza humana, analisando as possibilidades, os limites e a extensão da capacidade humana de entender a realidade.

- Foi influenciado pelo avanço das ciências naturais – física newtoniana, a qual procurava os princípios que ordenavam os acontecimentos naturais da mente: as ideias e pensamentos.

"As percepções da mente humana se reduzem a dois gêneros distintos que chamarei impressões e ideias. A diferença entre estas consiste nos graus de força e vividez com que atingem a mente e penetram em nosso pensamento ou consciência. As percepções que entram com mais força e violência podem ser chamadas de impressões; sob esse termo incluo todas as nossas sensações, paixões e emoções, em sua primeira aparição à alma. Denomino ideias as pálidas imagens dessas impressões no pensamento e no raciocínio, como, por exemplo, todas as percepções despertadas pelo presente discurso, excetuando-se apenas as que derivam da visão e do tato, e excetuando-se igualmente o prazer ou o desprazer imediatos que esse mesmo discurso possa vir a ocasionar. Creio que não serão necessárias muitas palavras para explicar essa distinção. Cada um, por si mesmo, percebe imediatamente a diferença entre sentir e pensar".
(David Hume, Tratado da natureza humana. São Paulo, Unesp, 2009. Adaptado)

AS PERCEPÇÕES PODEM SER DIVIDIDAS EM:
- Impressões: mais fortes e nítidas, como as paixões no momento em que são sentidas.
- Ideias: mais fracas e menos nítidas, como a lembrança de uma paixão. São imagens ou cópias de impressões.
- Simples: sem separação, como a cor.
- Complexas: várias características juntas.

EMPIRISMO RIGOROSO

- Oposição a qualquer concepção metafísica ou que busque explicação além da experiência sensível.

- Não é possível saber de onde vêm as impressões sensíveis e a causa delas é desconhecida.

“Quanto às impressões provenientes dos sentidos, sua causa última é, em minha opinião, inteiramente inexplicável pela razão humana, e será sempre impossível decidir com certeza se elas surgem imediatamente do objeto, se são produzidas pelo poder criativo da mente, ou ainda se derivam do autor de nosso ser (HUME, 2009, 113).”

PRINCÍPIO DE CAUSALIDADE

- Todo acontecimento tem uma causa.

- Para entender a ideia de causalidade você precisa entender o conceito de necessidade. Necessário é aquilo que precisa ocorrer de modo obrigatório, que não pode ser de outra maneira.

“Nós supomos, mas nunca conseguimos provar, que deve haver uma semelhança entre os objetos de que tivemos experiência e os que estão além do alcance de nossas descobertas. [...] A razão jamais pode nos mostrar a conexão entre dois objetos, mesmo com a ajuda da experiência e da observação de sua conjunção constante em todos os casos passados. Portanto, quando a mente passa da ideia ou impressão de um objeto à ideia de outro objeto, ou seja, à crença neste, ela não está sendo determinada pela razão, mas por certos princípios que associam as ideias desses objetos, produzindo sua união na imaginação (Hume, 2009, p. 120).

- Embora nós possamos perceber, pela experiência, que um determinado evento aconteça sempre seguido de outro, isso não significa que exista uma necessidade racional ou lógica que obrigue um a acontecer sempre após o outro. Assim, não é possível demonstrar, por meio da razão, a necessidade da conexão causal entre dois eventos. Diferente, por exemplo, do que ocorre com o teorema de Pitágoras, pois se analisarmos qualquer triângulo retângulo do mundo, sempre teremos que o quadrado do comprimento da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos comprimentos dos catetos (a2 = b2 + c2). Mas que relação nos garante que o sol nascerá necessariamente amanhã? Nada nos garante, pois os acontecimentos ou as conexões entre eventos podem ser diferentes, estariam sujeitas ao acaso e não a uma lei regular e imutável.

Comentários